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É preciso reaprender a ler
- 23 de agosto de 2012
- Postado por: Prof. Alcides Schotten
- Categoria: Leitura Dinâmica
A leitura pode ser a maior fonte de aprendizado que existe, porém, exige do leitor paixão, dedicação e muita atenção aos detalhes. Uma pessoa que diz que lê quatro ou cinco livros por mês e não é capaz de fazer uma análise crítica de cada texto e argumentar com base no conteúdo de sua leitura está na verdade perdendo tempo, pois não está assimilando as preciosas informações guardadas dentro de duradouras capas.
Vamos pegar como exemplo os livros de literatura que, de certa forma (e essa afirmação não se aplica a todos), fomos obrigados a ler. Quem é que não se lembra de Iracema de José de Alencar, ou mesmo Dom Casmurro de Machado de Assis? A magia desses romances por diversas vezes está muito mais na construção dos personagens, nos diálogos e no contexto histórico do que no enredo em si, e é impossível dizer que compreendeu todas as intrigas e recursos dos autores lendo esses livros apressadamente dois dias antes de uma prova importante.
E não estamos nos referindo à velocidade da leitura, e sim às suas condições e à qualidade. Ou seja, um leitor dinâmico e que exercita sua leitura constantemente pode sim ser capaz de absorver informações mais rapidamente, refletir sobre o que leu e adquirir um aprendizado consistente a partir da leitura. Mas tratando-se de qualquer outra situação, é praticamente impossível esmiuçar o conteúdo de um texto se o leitor estiver mais preocupado com a quantidade de livros que ele tem para ler do que com o aprendizado e crescimento intelectual que ele pode obter com cada livro.
Qualidade x Quantidade
Certa vez o escritor Mark Twain disse: “o homem que não lê bons livros não leva nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler”.
Essa frase consegue condensar a ideia de que, antes de pensar na variedade de títulos, é preciso avaliar a qualidade não apenas da leitura, mas também dos próprios livros. Muito se ouve falar hoje em dia sobre Literatura de Entretenimento, onde se enquadram livros como Harry Potter, Saga Crepúsculo e afins, julgando-os e condenando-os quanto aos seus apelos por histórias fantasiosas e voltadas para o público jovem.
A questão é a seguinte: esses livros são sim necessários, porém é preciso que eles sejam encarados ou como pura diversão ou como uma fase de transição. Isto é, eles devem abrir portas, e não limitar os seus leitores. Muitas crianças e adolescentes tem o seu primeiro contato com a leitura não obrigatória através desses livros, e portanto é preciso educá-las para que esse seja só o começo de uma grande trajetória no mundo da leitura e do conhecimento.
Porém, antes de tudo, é preciso dar o bom exemplo e pensarmos em nós mesmos. Qual foi o último livro que lemos? Ele agregou alguma coisa em nossa vida? Houve algum aprendizado em alguma área específica de conhecimento?
Fica aqui uma boa reflexão para nossos alunos e leitores.