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Depressão: sintomas e o tratamento pelo auto-conhecimento
- 2 de dezembro de 2011
- Postado por: Prof. Alcides Schotten
- Categoria: Recomendamos
A depressão é uma doença que assola mais de 20% da população brasileira, segundo pesquisas recentes. O número é bastante assustador, ainda mais porque tende a crescer cada vez mais.
A maior dificuldade em lidar com a depressão é que se trata de um problema invisível. Ou seja, não pode ser verificada por exames exatos, porque é psicológica, um problema do nosso inconsciente (e até filosófico) mas que se manifesta objetivamente pela negação da vida.
Entretanto há, sim, muita esperança para quem se encontra nessa situação e aqui vamos procurar abordar o tema de uma maneira simples, sincera e franca. Neste artigo, refletiremos definições da depressão, bem como o tratamento pelo auto-conhecimento e uso da palavra, que desde Freud tem fulcral importância.
IMPORTANTE – A Methodus é uma empresa especializada em aprimoramento de talentos e oferece diversos cursos, inclusive de oratória, técnica esta que será apresentada ao decorrer do artigo. Embora o conteúdo deste artigo expresse nossa opinião verdadeira, julgamos importante deixar essa informação clara, ainda mais porque tratamos de um tema muito delicado.
Boa leitura!
O que é a depressão?
Há muitas maneiras de definir a depressão, mas vamos tratar as coisas de uma maneira digamos assim “filosófica”. Desta maneira, depressões podem ser entendidas como uma infelicidade profunda, causada pela negação de si mesmo e da vida. A pessoa em depressão não tem força de vontade para ser ela própria.
Dizemos negação de si mesmo porque o indivíduo em depressão geralmente não se aceita e sempre gostaria de ser diferente, geralmente vive em busca daquilo que não tem ou não é. Por conta disso, ele tem a impressão de que a sociedade e as pessoas à sua volta também não o aceitam. Como ele não encontra amparo à sua volta, nem em si mesmo, ele se afunda nos tenebrosos pântanos do Inconsciente.
Uma causa dessa negação de si mesmo é a falta de desejo e vontade, em todos os níveis. A pessoa não quer sair de casa, do computador, da televisão, não tem vontade de estar com outras pessoas, de namorar, de viajar, etc. No fundo, a pessoa não tem vontade consigo mesmo.
A pessoa em depressão vai abrindo mão de sua vida exterior e passa a viver, cada vez mais, com seus monstros e traumas interiores. Para fugir deles, não é raro o uso de drogas alucinóginas (não é à toa o consumo excessivo de drogas em nossa sociedade.) A pessoa em depressão não vive amargurada, frustrada e decepcionada por se julgar incapaz de realizar seus sonhos, mas antes por não tê-los.
Deixar de ter sonhos é uma situação muito extrema, mas nada que não seja reversível. Prossigamos, com esperança e alegria!
Como se dá a depressão
Segundo Freud, em seu famoso ensaio “O Mal-Estar da Civilização”, diz que o problema essencial do homem moderno é que lhe falta fazer a sepração entre si e o mundo, ou seja, entender que há uma diferença essencial entre o EU e o mundo. No fundo, falta conhecer a si mesmo.
O homem moderno não entende que o EU tem as suas próprias vontades, a OUTRAPESSOA as vontades dela e o MUNDO as suas complexidades e regras, naturais e sociais, próprias (a “vontade” do mundo). O indivíduo espera que tudo seja como ele deseja, fraqueza da qual, aliás, a publicidade tradicional se aproveita para vender produtos desnecessário com mensagens sempre focadas no imediatismo e falsas ideias de liberdade.
No fundo, a depressão é causada por uma falta de compreensão da realidade. Ela é intensificada por uma sensação de estar sozinho, mesmo entre outras pessoas, pois a pessoa que não conhece os seus próprios limites não saberá quem é o outro. O homem em depressão não sabe quem é ele, nem quem é o outro. As experiências de auteridade serão fundamentais para o seu tratamento.
Daí não ser raro as pessoas sentirem como se falassem sozinhas, mesmo estando acompanhadas. Isso se intensifica com a nossa sociedade muitas vezes individualista. Em uma sociedade tão egoísta não é raro encontrarmos esses altos índices de depressão, por isso devemos nos unir e procurar o bem das pessoas próximas a nós.
Saindo da depressão com o tratamento do auto-conhecimento
Verdade seja dita: muitas pessoas gostam de sua depressão. Para elas, a depressão acaba tornando-se uma bela desculpa que dá a si mesma por não ter se esforçado, por não ter lutado nem aceito a Realidade como ela é, nem tê-la modificado. Por isso, antes de tudo é fundamental querer sair! Sem isso, não há qualquer possibilidade de “cura”.
Freud irá voltar sempre à infância pois para ele o problema da depressão, bem como nosso caráter de maneira geral, começa a ser desenvolvido nos primeiros anos de vida, que são as primeiras experiências de realidade do indivíduo.
Sem entrarmos a fundo na psicanálise, é relevante dizer que a criança não sabe diferir a si mesma do restante das pessoas. Para a criança o mundo faz parte dela, e ela faz parte do mundo, como se ambas as coisas fossem a mesma.
Por exemplo, vejamos o exemplo de um bebê que, logo após chorar, tem sua fome saciada. Na cabeça do bebê é como se o choro que lhe trouxesse a comida. Ou seja, ele desconsidera o algúem que lhe trouxe o alimento, e esse alguém é um indivíduo completo, com seus anseios, medos, etc. Isso obviamente é normal para um bebê, mas não é nada normal que na fase adulta essa visão não mude tanto…
Quantos não são os adultos que esperneiam, embora de maneira comportada, para terem aquilo que querem? Ainda mais um mero capricho? Isso é conseqüência de uma infância mal resolvida…
Portanto, podemos sim interpretar a depressão como um sintoma da criança que não fez satisfatoriamente a passagem para as fases posteriores, como adolescentes e adultas. Um termo muito comum desde os anos 80 é “síndrome de Peter Pan”, para se referir aos adolescentes que não querem fazer a passagem de fase e se tornarem adultos, permanecendo sempre na “terra do nunca”, com as músicas de sempre, os livros de sempre e a vida de sempre.
O articulista Luiz Felipe Pondé, em uma conferência, comenta um ponto interessante: que em nossa sociedade, voltada para o desejo, um de seus maiores problemas é que o pai de família quer ser jovem como o seu filho de 20 anos. Este, por sua vez, olha para o futuro (representado na figura paterna) e verifica que ao ser velho ele irá querer ser como é hoje. Desta maneira, não haveria para esse jovem de 20 anos nenhum futuro; e como nos ensina o filósofo Spinosa, “esperança é a promessa de felicidade futura”.
Conhece-te a ti mesmo!
O homem que diz “eu me conheço”, não se conhece. Essa arrogância está na raiz do homem que não consegue separar o mundo de si mesmo, incapaz portanto de reconhecer verdadeiramente suas qualidades e seus defeitos.
Uma pessoa em depressão costuma ver apenas um lado da situação, o lado Ruim. Não é incomum, entretanto, ela ir de momentos de êxtase completo de felicidade à infelicidade completa (em situações extremas, isso se chama “transtorno bipolar”).
Para saber suas qualidades e seus defeitos, não adianta esperar pela resposta dos outros. É preciso perguntar a si mesmo. Mas antes de tudo é preciso sobretudo saber perguntar a si mesmo.
Defeitos todos nós temos e eles são até mais fáceis de descobrir. Mas uma pessoa em depressão considera que tudo em si sejam defeitos, porque se cega para o lado bom ou vai de uma maneira extrema para ele.
Portanto, vamos focar em como descobrir suas qualidades, que você tem de sobra (é verdade)! Antes disso, vamos entender um pouquinho sobre a condição do ser humano de ser livre, o que é fundamental para escolhermos aprimorar nossas qualidades.
Conhecendo a sua Liberdade
É fundamental você entender que o ser humano é livre, mas o termo “liberdade” muitas vezes é corrompido pelo uso leigo. Muitas pessoas, os adolescentes sobretudo, entendem liberdade como “poder fazer tudo aquilo que queremos”, mas trata-se de um uso errado, ou corrompido, da palavra “liberdade”.
Ora, essa definição é falsa porque nós não podemos fazer coisas fisicamente impossíveis, nem aquilo que não está ao nosso alcance. Logo, “liberdade” nesse sentido é incoerente, é algo ilógico.
O ser humano é livre porque ele não pode não fazer escolhas, uma vez que até mesmo o “não-escolher” é uma forma de escolha. LIBERDADE é nossa condição de sempre e necessariamente escolher.
Nós somos os únicos responsáveis pelo que fazemos ou deixamos de fazer. E somos livres porque o tempo todo fazemos escolhas, mesmo que as escolhas nem sempre sejam sobre aquilo que gostaríamos de escolher; mas nós podemos fazer melhores escolhas hoje para amanhã fazer escolhas que nós gostaríamos mais.
Uma objeção muito comum a essa tese é citar um homem na cadeia, que não pode escolher estar fora dela. Um carcereiro tem, de fato, alguns direitos privados, como o de ir e vir, mas de maneira nenhuma sua liberdade é privada. Qualquer homem, mesmo numa prisão, continua a fazer escolhas; do contrário, liberdade seria poder fazermos o que quisermos, tese já objetada anteriormente.
Faça a escolha de ver suas qualidades!
Há muitas pessoas que não sabem reconhecer as suas qualidades, mas para uma pessoa em depressão não reconhecer os seus talentos e qualidades vai às últimas conseqüências.
Embora o mundo nos pareça como queremos vê-lo, de fato o mundo é o que ele é e ninguém pode mudar esse fato sem se enganar. Assim como o mundo é o que é, nós – seres humanos – temos defeitos e qualidades, sempre. É cego aquele que só vê defeitos, bem como é cego aquele que só vê qualidades.
Enxergar de verdade é compreender que todas as situações são sempre, simultaneamente, boas e más. São nossas escolhas, ou antes o nosso humor e o nosso inconsciente, que elegem o adjetivo de preferência. Mas ao invés de falarmos de adjetivos, evitemos seu uso porque geralmente são vazios e nos aprofundemos nos substantivos.
O bom otimista é aquele que, reconhecendo qualidades e defeitos, escolhe sempre o bom caminho.
Escolha caminhos condizentes com os seus talentos
As nossas qualidades são o que nos motiva a lutar por nossos sonhos, pois são nossas verdadeiras armas. Tirem-nos os bens, o dinheiro, a profissão e até as pessoas que amamos – ainda assim continuamos com as nossas qualidades e nossa Essência.
Com isso não queremos dizer que devemos viver única e exclusivamente de nossa essência. Não. A essência é de onde vêm nossas características, nossos jeitos e nossos talentos, mas nós somos realmente aquilo que fazemos: os amigos que temos, a família na qual vivemos, a profissão que exercemos e o bem que causamos aos conhecidos e desconhecidos. Nós somos seres subjetivos com atitudes objetivas.
O grande problema é que muitas vezes as pessoas vivem para uma vida onde é preciso talentos que não são os seus, trilhando caminhos inapropriados. Estes são, na verdade, caminhos para algum tipo de tristeza, pois não são sinceros.
Ao ouvir isso, muitas pessoas pensam em mudar da água para o vinho a sua vida; mas o caminho é errado, antes de tudo, quando se caminha errado, quando não se usa realmente o seu talento da melhor maneira e quando não se ajuda o mundo ao seu redor. O caminho certo é aquele que torna nossas qualidades ações objetivas, e isso depende antes de nós que do caminho.
A astrologia é uma maneira de reconhecer suas qualidades
A Astrologia, para os que creem num sentido superior e oculto, nos ensina a ler através da posição dos astros características que possuímos.
A Astrologia séria (não as de tiras de jornalecos) tem como função não adivinhar o futuro (o que é impossível, uma vez que o ser humano é dotado de Liberdade, mas sim de nos mostrar características para que possamos tomar as melhores decisões no futuro.
Ao fazer um mapa astral, desde que sério, você passará a compreender quais são as suas tendências – a que vícios e que virtudes você tem mais propensão a escolher. Isso não quer dizer que você irá necessariamente ser dessa maneira; ao contrário, você é capaz de mudar o seu destino controlando os defeitos e aprimorando suas virtudes. Lembre-se que sempre somos livres.
Mas essa não é a única maneira de descobrir suas qualidades, aliás há muitas.
Encontre o seu mestre
Ouvimos a torto e a direito que devemos olhar nossas qualidades. Tá, e aí?
Não basta saber que é preciso olhar suas qualidades, é preciso saber como olhar. E aí está uma grande arte para a qual nós muitas vezes precisamos de um incentivo, de um mestre que nos faça olhar para nós mesmos e encontrarmos, na essência de nosso ser, aquilo que temos de único e belo.
Se permitem, podemos citar o
Na acepção de Nietzsche, o grande filósofo do desenvolvimento do Eu, o bom mestre é aquele que treina o discípulo para ser melhor que ele próprio. Eu particularmente julgo que o Prof. Alcides seja um dos mestres como o Nietzsche fala e é possível perceber isso conversando com ele ou lendo/ouvindo o depoimento de seus alunos.
Nossa sociedade individualista quer nos fazer crer que é vergonhoso ter mestres, porque mestres são superiores a nós e isso seria indício de fraqueza. Mas a premissa é falsa, uma vez que a própria missão do mestre é construir pessoas fortes o bastante para serem mestres de si e de outros, como observamos pelo Nietzsche.
No caso dos mestres, a hierarquia existe para ser invertida; mas o mestre, sábio, só aceita quando o discípulo passou por todas as etapas. O mestre é importante, afinal de contas, porque a vida é feita de etapas e o ser humano aprende a trilhar seguindo outros passos – até descobrir sua própria maneira de caminhar!
A cura pela palavra
A psicanálise, disciplina criada por Freud e muito popular em nossos dias, procura elaborar aparatos científicos para melhor compreensão do Inconsciente. A cura dos males psicológicos se dá, segundo essa visão, pela palavra.
Sim, a palavra. Pessoas frequentam o famoso divã para, basicamente, ter alguém com quem falar de seus medos, suas histórias e suas alegrias. O fato é que, ao tratar de maneira objetiva seus monstros e sonhos, a pessoa passa a ver que ele não é tão horrível nem tão impossível assim e que poderá, portanto, ser senhor de si.
O fato de nos expormos contribui também para a cura da depressão, porque dessa maneira nós nos sentimos fazendo parte da Realidade – com “R” maiúsculo porque é de toda a nossa realidade, não só da interior.
A palavra torna nosso interior algo objetivo, apreensível, Real… Só com a palavra podemos conhecer a nós mesmos e ao mundo.
Escreva um diário
Costumamos deixar passar desapercebidos muitos acontecimentos em nossas vidas, deixamos de nos conhecer porque não aceitamos a reflexão; e esquecemos quem somos porque preferimos esquecer.
O diário é uma excelente maneira de colocar em palavras as nossas alegrias, medos e sonhos. Como vimos acima, é tornando um sentimento em palavra que nos conhecemos mais e melhor.
O próprio Freud manteve longos diários durante toda a sua vida, o que o ajudava a conhecer o Inconsciente próprio e assim desenvolveu a Psicanálise. Algumas pessoas podem preferir um psicanalista, que com sua experiência irá guiá-lo, mas escrever sobre si (em segredo dos outros) é um excelente exercício.
Oratória, a palavra com alegria!
Se com o diário você irá expor-se a si mesmo, com a Oratória você irá expor-se aos outros. Entretanto, é absolutamente comum que as pessoas tenham certas travas que o impedem de se expor satisfatoriamente. Isso acontece porque a pessoa sente-se fora do controle, não sabe o conteúdo de si que irá expor, nem sabe se portar corretamente.
Nós confiamos que a Oratória é a melhor maneira de aprender a se expor, de conquistar pessoas e de obter auto-conhecimento, porque só podemos expressar aquilo que somos no Interior.
A palavra no ambiente da psicanálise é muito importante para reconhecer traumas e monstros que nos assustam, mas nada melhor que pensar positivo e poder expor-se com segurança para uma multidão.
A oratória não deve ser a primeira atividade para quem encontra-se em depressão crônica, mas para quem já deu alguns passos. A Oratória é um passo além: é o salto, bem calculado, de quem quer conquistar o mundo!
Conclusão
Vivemos em um mundo romântico que dá demasiada importância ao Subjetivo. Reconhecemos a importância de reconhecer o Interior, que é somente por causa dele que os seres humanos são únicos, mas nos preocupamos quando o indivíduo não retorna à Realidade, isto é, relaciona-se com o mundo como se este fosse continuidade de sua cabeça.
Preocupamo-nos com o alto índice de depressão que se noticia nas grandes mídias e procuramos não trazer conclusões científicas, mas conhecimentos filosóficos e espirituais de nossa experiência. Ao nosso ver, a tristeza extrema (“depressão”) deve ser curada de maneira filosófica, através do auto-conhecimento e conhecimento do mundo, por isso falamos tanto dos profissionais da era do conhecimento.
Segundo a Pscianálise, disciplina criada pelo Freud, a cura dos “males do Inconsciente” se dá pelo uso da palavra, que é a nossa maneira de expor o nosso interior, torná-lo objetivo. Somente quando as coisas são objetivas, é que podemos compreender e agir sobre elas.
Além da própria análise no divã, como solução de auto-conhecimento propusemos a prática de escrever um diário e o uso de técnicas de oratória, para pessoas que desejam se conhecer melhor, porque oratória é a técnica de expor-se, e adoram convencer platéias com seu talento individual.
Esperamos que este artigo possa dar uma luz, tanto para pessoas com algum tipo de depressão, como para pessoas interessadas em compreender a si mesmas e aos outros.
*IMPORTANTE – * Se você estiver em depressão, procure um terapeuta antes de iniciar atividades em grupo; porque, a depender da gravidade, pode ser prejudicial à sua sanidade e segurança mental, ou não trazer os benefícios esperados. A oratória não é recomendada como tratamento direto para a depressão, mas sim indireto.